Mensagem de Páscoa de D. António Montes Moreira - Director Espiritual do Secretariado Nacional do MCC

05-04-2013 12:52

ALELUIA!

 

1. Os cristãos das Igrejas Orientais saudam-se na Páscoa com a exclamação: “Cristo ressuscitou!”. Ao que se responde: “Sim, verdadeiramente ressuscitou!”.

Sim, Cristo ressuscitou! Este é o fundamento da nossa fé, a razão da nossa esperança e o motivo da nossa caridade. Como escreve S. Paulo aos cristãos da cidade grega de Corinto, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e também é vã a vossa fé… E se temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Cor 15, 14 e 19).

O Catecismo da Igreja Católica – cuja leitura e estudo o Papa Bento XVI recomendou instantemente durante o presente Ano da Fé – sintetiza em breves páginas (nº 638-658) as coordenadas deste mistério central da fé cristã, que proclamamos todos os domingos ao recitar o Credo.

2. A ressurreição de Cristo, sublinha o Catecismo, “é um acontecimento real, com manifestações históricas verificadas” (nº 639), entre as quais se destacam o sinal do túmulo vazio, apresentado no evangelho da Páscoa (Jo 20, 1-9), e a realidade das aparições do Ressuscitado a Simão Pedro e a seguir aos outros Apóstolos (1 Cor 15,4-5 e Lc 24,34), “as testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele depois de ter ressuscitado dos mortos” (Act 10,41), como refere o mesmo S. Pedro na primeira leitura da Eucaristia da Páscoa.

Durante o seu ministério público Jesus ressuscitou três mortos: a filha do chefe de sinagoga Jairo (Mc 5,22-43), o filho da viúva da cidade de Naim (Lc 7,11-17) e o seu amigo Lázaro de Betânia (Jo 11,1-44). Estes miraculados regressaram à vida terrena anterior e, em dado momento, voltariam a morrer.

Em Cristo aconteceu algo de natureza e significado essencialmente distintos. Pela ressurreição a sua humanidade, em corpo glorificado, foi introduzida no seio e na glória da Santíssima Trindade à qual Jesus, como Deus, sempre estivera intimamente unido durante o seu peregrinar em terras da Palestina. Deste modo, o corpo ressuscitado de Cristo passou do estado de morte a uma outra vida, para além do espaço e do tempo, e deixou de estar sujeito às limitações da presente condição humana “porque a sua humanidade já não pode ser retida sobre a terra e já pertence exclusivamente ao domínio do Pai”. Assim, “Jesus Ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como quer: sob a aparência dum jardineiro [na aparição a Maria Madalena; Jo 20, 14-15] ou ‘com aspecto diferente’ daquele que era familiar aos discípulos [na aparição a caminho de Emaús; Mc 16,12]; e isso, precisamente, para lhes despertar a fé” (CIC, nº 645).

A ressurreição de Cristo é um acontecimento meta-histórico e transcendente, só acessível à inteligência crente, iluminada pelo dom da fé.

3. A ressurreição de Jesus não Lhe diz respeito de maneira exclusiva. Como toda a sua vida. Ele veio ao mundo, viveu, morreu e também ressuscitou por nós e para nós; para nossa salvação, como igualmente proclamamos no Credo todos os domingos.

A ressurreição de Cristo é princípio e fonte da nossa própria ressurreição futura. O mesmo Deus o garante por meio de S. Paulo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram… Do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo todos serão restituídos à vida” (1 Cor 15, 20 e 22). Para isso, S. Paulo exorta na segunda leitura da Missa de Páscoa: “afeiçoai-vos às coisas do Alto, não às coisas da terra” (Col 3,2).

A ressurreição futura, ultrapassada a barreira física da morte corporal, será a plenificação da nossa condição de irmãos de Cristo e filhos de Deus por adopção. Por isso, a existência cristã no tempo presente é já viver em ambiente e na expectativa confiante da ressurreição.

A celebração anual da ressurreição de Cristo é estímulo para vivermos a dignidade da nossa vida cristã com fidelidade generosa e sempre renovada.

Neste espírito, desejo a toda a Família Cursilhista Santa Páscoa. Aleluia! O Senhor ressuscitou! De Colores!

 

+António Montes Moreira

Bispo Emérito de Bragança-Miranda

Director Espiritual do Secretariado Nacional do MCC